quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Participação de uma acidente de trabalho

Sou assentador de tijolos. No dia 8 do passado mês de Janeiro, estava a trabalhar sozinho no telhado de um edifício de 6 andares. Quando acabei o meu trabalho, verifiquei que tinham sobrado mais ou menos 250 kg de tijolos. Em vez de os levar à mão para baixo, decidi colocá-los dentro de um bidão e fazê-los descer com a ajuda de uma roldana, a qual, felizmente, estava fixa num dos lados do edifício, no 6º andar. Desci e atei o bidão com uma corda. Fui para o telhado, puxei o bidão para cima e coloquei os tijolos dentro. Voltei para baixo, desatei a corda e segurei-a com força, de modo a que os 250 kg de tijolos descessem devagar. Como eu só peso 80 kg, qual não foi a minha surpresa quando, repentinamente, saltei do chão, perdi a presença de espírito e esqueci-me de largar a corda. É desnecessário dizer que fui içado do chão a grande velocidade. Na proximidade do 3º andar, embati no bidão que vinha a descer. Este facto explica a fractura do crânio e da clavícula. Continuei a subir, a uma velocidade ligeiramente menor, não tendo parado até os meus dedos estarem entalados na roldana. Felizmente, já tinha recuperado a minha presença de espírito e consegui agarrar-me à corda, apesar das dores. Mais ou menos ao mesmo tempo, o bidão com os tijolos caiu no chão e o fundo partiu-se. Sem os tijolos, o bidão pesava mais ou menos 25 kg… Como podem imaginar, comecei a descer rapidamente. Próximo do 3ºandar, encontrei o bidão que vinha a subir, o que explica a fractura dos tornozelos e as lacerações nas pernas, bem como na parte inferior do corpo. O encontro com o bidão diminuiu a velocidade da minha descida, o suficiente para minimizar o meu sofrimento quando caí em cima dos tijolos. Felizmente, só fracturei três vértebras. Lamento, no entanto, informar que enquanto me encontrava caído em cima dos tijolos, com dores, incapacitado de me levantar e vendo o bidão em cima, perdi novamente a presença de espírito e larguei a corda. O bidão, que pesava mais do que a corda, desceu e caiu em cima das minhas pernas, partindo-as imediatamente. Espero ter dado a informação detalhada do modo como ocorreu o acidente.

2 comentários:

Pedro D. disse...

Eu já conhecia este trágico acidente. Já a tinha ouvido num programa de rádio que se chama "O homem que mordeu o cão". Muito fixe mesmo, mas falta dizer que quando o homem se encontrava já no deitado no chão e todo partido, depois de ter levado com o caixote ainda levou com a corda no olho, o que que explica a lesão na córnea. Mas como belo português que sou, tenho de ver o lado positivo da coisa, ele podia ter ficado de tal modo mal tratado que nunca se viria a conhecer esta história.

Anónimo disse...

gajo memo azarado. nao queria tar na pele dele